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31 jul 2012

A Sobra

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As aulas começaram ontem, e hoje já me sinto péssimo. Lendo e lendo livros e mais livros sobre autodescobrimento, programação neurolinguistica, e fazendo um mega esforço pra ultrapassar a primeira página, nenhuma resposta ainda é concreta. Alberto, esta sua fobia escolar vem de algo, está presente em algo, está a serviço de algo! E isto você precisa descobrir…

Além das cartas que tenho escrito a mim mesmo, com direito ao campo destinatário e ao campo remetente, a verdadeira imagem de mim tem vindo e ido. Talvez este seja um dos sintomas da neurolinguistica. O fato é que me dei conta que sou uma sobra. Sim, o termo parece pesado, mas sou uma sobra.

Enquanto fui escolhido para ser marido, pra viver um relacionamento perfeito em todos os aspectos, pra ser amado e respeitado, por outro lado (ou por todos os outros) sempre fui uma sobra.

Hoje na faculdade, depois de mais de uma hora de decisões sobre uma disciplina que estava sem professor, e em que alguns alunos de outra disciplina tiveram que aceitar se juntar ao mesmo grupo por um monte de problemas com horários e salas de aula e professores, foi definido que todos fariam a mesma matéria. E aí começou a parte que eu mais detesto desta vida medíocre em sociedade. Vamos definir os grupos para um trabalho, coleguinhas! Mais do que depressa as pessoas correram pra todos os lados, formando suas eternas panelinhas. ‘Pa’ com ‘Pa’, ‘Bu’ com Bu’, ‘Cu’ com ‘Cu’… Normal. Super normal. Mas os trabalhos deviam ser realizados em trios, e não em duplas. Pelo medo de que um integrante pior do que eu fosse automaticamente adicionado a uma dupla tal, fui convidado gentilmente a participar do grupo. Então, imaginem, se eu, uma legítima representação disléxica e incapaz tão quanto uma porta consigo ser melhor que o outro colega, façam por si sós a imagem do dito. Diferente de estar feliz por estar no grupo dos intelectualmente privilegiados (e não, não estou sendo irônico; ao contrário estou reconhecendo o esforço deles e minha admiração) que jamais, em hipótese alguma pegaram uma dependência, me senti  a sobra menos pior.

E confesso: não estou preocupado por escrever mais um dos meus desabafos aqui, que provavelmente chegarão até os ouvidos dos meus colegas. Inutilmente educado como sempre fui, perguntei três vezes se eu não seria um peso extra, ou se apenas por opção eles não preferiam um outro colega. Juraram que não. Mas aí volta a questão do autodescobrimento: um olhar representa muito pra mim, e não é necessário ter o mínimo daquela coisa chamada semancol pra entender que “ok, só tem tu vai tu mesmo…”

Conversei com o professor, e por bom senso ele achou que é muito complicado eu fazer o trabalho sozinho… são muitos conteudos, muitos tópicos, enfim.

(putamerda tádifícil de terminar este texto)

Ser uma sobra é um processo comum na minha vida. Talvez já esteja acostumando e prefira arcar com as consequências de projetar uma pirâmide no Egito sozinho. E ser sozinho, bem como exagerar, não há nada de errado. É difícil demais depender dos outros, aceitar fazer algo que você não quer, só porque é minoria. E não me venham com aquele discurso de viver em sociedade é preciso, trabalhos em grupo ensinam a viver em grupo. Não, não, não e não! Trabalhos em grupo ensinam a ser sozinho! Porque quando você se sente obrigado a fazê-los, não vê a hora de terminar tudo logo, pra poder voltar a ser sozinho!

Já tentei muitas vezes. Em algumas havia gente no grupo que não estava nem aí. Em algumas delas eu fiz tudo sozinho. Em outras, eu também fiz quase tudo sozinho, e mesmo assim ouvi fofocas que a minha colega saiu espalhando que ela tinha feito tudo sozinha. E aí, eu penso assim: no tempo em que se tenta achar um consenso, eu podia estar na minha casa fazendo meu trabalho do meu jeito, com as minhas lerdezas e depois ouvir uma avaliação do tipo Alberto, seu trabalho foi uma bosta sendo que esta bosta foi apenas culpa minha. Ou, se por ventura eu pegar um vento do bem, que eu ouça: Parabéns, o SEU trabalho foi ótimo.

This entry was posted on terça-feira, julho 31st, 2012 at 23:40 and is filed under Inclusão, Reflexão imprópria, Rotina. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

One Response to “A Sobra”

  1. Larissa disse:
    agosto 1, 2012 às 12:05

    Olá Beto. Gostaria de te deixar claro que você é livre se decidir mudar de equipe, pois se você estiver se sentindo mal por achar que nós somos intelectualmente privilegiados e quiser trocar sinta-se a vontade.Â
    Mas antes de você falar isso, pense que é tão capaz quanto todos da turma, afinal você esta cursando o mesmo período que todos nós, e além disso tem outra faculdade em seu currículo.
    Em momento algum te chamei para a equipe por você ser a sobra, e sim pela nossa amizade e afinidade, e por achar que nosso trio vai trabalhar bem.Â
    Agora se esta se sentindo mal você tem o total direito de falar comigo ou com o gui e não fazer um desabafo que achei de certa parte mal educado com nós dois.

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