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Compartilho com quem se interessar pelo assunto e estiver disposto a colaborar com o fim deste absurdo.
Na semana passada tive uma reunião na comissão de ensino inclusivo da universidade onde estudo. Cheio de expectativas por participar da primeira com os alunos de outras turmas, cheguei bem adiantado – coisa rara pra quem tem TOC. Já de cara encontrei uma menina com alguma deficiência na visão, e não demorou muito pra chegar mais meia dúzia de alunos assistidos pelo programa. Obviamente, os outros eram deficientes físicos, e ao invés de se espantarem comigo, procuravam silenciosamente alguma diferença em mim.
Foi então, que pela primeira vez desde que descobri a dislexia, senti que as coisas poderiam mudar. Nunca foi segredo pra ninguém que a minha dificuldade é acentuada, se comparada com a de quem teve paralisia cerebral. Descobrir a dislexia não foi sinônimo de sofrimento, e como sempre digo, deixei de ser uma anta quadrada pra ser alguém que não entende certas coisas mas a ciência explica. Não tenho muita dificuldade na fala, embora num momento de tensão em que tenha que explicar a existência na terra as palavras sumam, ou mais comumente travem completamente. Não sofro pra escrever, ainda que tanta gente diga que tenho idéias desconexas. (jurei que era dIsconexa)…
Mas esse lance de inclusão tem sido legal. Fui convidado pela comissão de inclusão pra ser representante entre os alunos, e tentar solucionar os problemas. Nas primeiras semanas em que frequentei a reunião descasquei a universidade. Levantei sim só os pontos negativos, citei nomes de pessoas que faziam da possibilidade de incluir um aluno especial na sociedade uma banalidade. E atentas, as professoras anotaram tudo. Em momento algum discordaram. E aquilo me pareceu um descaso, ou uma sessão de terapia careta dessas que o pacienta fala, fala, fala e a psicóloga só ouve sem falar nada.
Foi na semana passada que ouvi uma das coisas mais inteligentes dos últimos tempos. Entre um grupo de três professoras coordenadoras da comissão, e quatro alunos, sendo um com perna mecânica, um disléxico, um altista, uma quase sem visão, entre um assunto e outro, uma voz diz:
” é muito difícil pensar em inclusão, quando você não tem nada que te torna diferente.”
É exatamente este o grande problema. Nós não somos doutrinados a pensar como pensa a outra pessoa, nem a sentir o que sente quem não consegue fazer diferente. Quando se trata de uma deficiência física não é tão difícil olharmos um degrau e sabermos que uma pessoa na cadeira de rodas vai ter dificuldade em subir ali. Isso já mudou muito, e como estudante de arquitetura posso observar em qualquer legislação vigente que a obrigatoriedade em existir elevador ou plataforma para cadeirante é novidade. É muito comum que vejamos nas propagandas eleitorais, nos programas evangélicos e nos pronunciamentos da república uma legenda ou aquela janelinha com um tradutor de linguagem brasileira de sinais. Tudo isso é novidade. Foi de repente que as pessoas com síndrome de Down deixaram de ser anomalias e se tornaram ótimos massagistas, designers, secretárias, e enfim, excelentes profissionais.
O que se percebe é que o mundo divide-se entre pessoas normais, pessoas com deficiência física e por fim, os ainda excluídos, os deficientes mentais. Estes ainda são meio esquecidos, porque é muito mais fácil escrever livros em braile, colocar portas com um metro e vinte de largura e contratar professores de libras. Por outro lado, não é impossível acreditar que haverá uma bendita lei não-constrangedora que proteja os geniais disléxicos, e hiperativos e esquizofrênicos, e os maníacos depressivos, e todos e quaisquer portadores de uma forma de pensar diferente, a fim de poupá-los de uma deficiência física momentânea.
Sim, porque enquanto o mundo for separado da forma que mencionei, os deficientes físicos se tornarão deficientes mentais, porque sem estrutura adequada àquela realidade não conseguirão fazer suas atividades normais, e deixarão de frequentar as escolas, as universidades, as empresas. Mais grave ainda, os deficientes mentais terão suas habilidades físicas prejudicadas: sem o bom senso e a compreensão dos chefes e mestres não conseguirão sair do lugar, e a exigência de um ditado, de um cálculo ou de uma explicação convencional (como se é solicitado aos normais) poderá fazer um futuro Einstein se tornar um peso de papel. No fundo, é tudo a mesma coisa. Todo mundo trava. Todo mundo tem o mesmo medo: o de não conseguir.
Esta reunião foi muito importante, e me deu alívio saber que tem mais gente que sofre como eu, mas que ainda está ali. Ainda, não! Já está ali. Estar numa universidade convivendo integralmente com algum tipo de limitação não é pra muitos. Tem que ter garra, tem que bater o pé. Todos nós estamos batendo, e confiantes num futuro em que a inclusão terá a voz dos inclusos.
Haverá um dia em que não existirão as categorias Normal, Deficiente Físico, Deficiente Mental. E neste dia, todo mundo perceberá que tem alguma necessidade especial, que ser inteligente não é pensar ou agir como todos, e que ser incrível não significa ser perfeito, mas ser diferente.
Para tudo gente… Faz dias que eu estou preparando vários textos pra cá, e os leitores assíduos já começaram a comentar que estou muito ausente do blog. Na real, tirando uns quiprocós bobos, não tive motivos pra reclamar tanto da vida como sempre faço. Talvez essa maturidade seja meio chata quando se é escritor, porque sem sofrer, sem escrever.
O tema do post de hoje é Amanda Todd. Conhece? Não? Muita gente está falando desse caso que chocou o mundo, tanto quanto os estragos do furacão Sandy. Amanda era uma estudante de quinze anos, americana, bonita como qualquer menina desta idade. Pra encurtar a história que é mais um dramalhão trágico real contemporâneo, a guria foi influenciada por um pedófilo qualquer na internet a exibir os seios pela webcam em um chat de comunicação. Cá entre nós, com quinze anos as meninas de hoje em dia sabem coisas sexuais que nem nossos avós sabiam. Mostrou os peitos, o cara obviamente começou a chantageá-la, ela não cedeu e não mostrou mais nada, mas o que o cara fez? Obvio: enviou as imagens da menina sem blusa para todos os contatos de facebook dela. Até aí, vemos dois problemas absurdos: ingenuidade, por parte da Amanda, e impunidade por parte dos órgãos competentes que não conseguem de jeito nenhum prender ou rastrear os pedófilos.
Tá, a parte mais grave vem quando a notícia estoura anunciando que “Amanda Todd, de 15 anos, suicidou-se por não aguentar o bullyng sofrido”.
A menina deu todos os sinais que cometeria o suicídio. Gravou um vídeo desesperada, colocou no youtube e contou tim tim por tim tim a quem quisesse ouvir que foi tão humilhada na escola que chegou a mudar duas vezes de instituição. Depois, a perseguição continuava, porque hoje em dia vivemos muito mais virtualmente do que fisicamente, e onde quer que estejamos a vida virtual continua nos seguindo. Mudou-se de cidade, de país. Tentou se matar uma vez, e os colegas da escola atual e das antigas colocavam fotos de venenos marcando o perfil de Amanda, seguindo com comentários do tipo “Devia tentar este veneno pra morrer mesmo”.
Cadê os pais da Amanda? e mais ainda: Cadê os pais destes filhos-da-puta?!
Pais, vocês são culpados por isso. Não pelo caso dela, mas pelo caso de um milhão de pessoas que ESTÃO SOFRENDO BULLYNG AGORA! Uma coisa é culpar os pais por um filho dependente químico, propenso à dependência, na situação em que o filho teve tudo, como boa educação, um padrão razoável de vida, pais presentes. Se seu filho está assim, perdido, não, vocês não tem culpa, pais. Ele ESTÁ doente.
Agora, outra coisa bem diferente é ter filhos na mesma estrutura, que não usam drogas, não depredam, não vandalizam, mas são exemplares vivos da maldade humana. Uma vez vi um aluno dizendo que não sentaria ao lado de um menino de cabelo comprido. Recusou-se até dizer chega. Só de birra, e tentando ensiná-lo a respeitar os outros, fiz o menino sentar lá, bem do lado do outro. Quando a aula terminou, ainda emburrado, a criança veio falar comigo e disse que contaria tudo ao seu pai, porque era ele quem havia ensinado-o que “homem de cabelo comprido é veado”. O menino de cabelo comprido, se não me engano chamava-se Gabriel, não dava a mínima pra este tipo de comentário maldoso dos outros, mas eu fiquei muito preocupado. Pais, o que é que vocês estão ensinando aos seus filhos?
Como uma vítima sobrevivente dos bullyng’s no tempo de colégio, é que hoje estou indignado com este tipo de situação. O caminho que liga a sanidade à loucura é tão curto quanto o que leva a vida à morte. Cometer suicídio com trinta anos requer muitos mais pensamentos sobre responsabilidade e coragem do que quando se tem quinze. Ser pai é assumir a responsabilidade de que as pessoas que colocou no mundo (ou optou por tê-las como filhos) são um espelho da sua índole. Todo mundo tem direito de não gostar de alguém, de alguma coisa. Mas tem obrigação (mesmo que não existam leis concretas) de respeitar, ao menos moralmente. E se sabe respeitar, sabe também que não se deve colocar seus desgostos (sem fundamento, mas que ainda assim você tem direito de tê-los) aos seus filhos, que muito provavelmente ainda não tenham maturidade de entender que eles podem existir na sua cabeça, mas nunca dela pra fora.
Termino meu repudio aos pais que acham que suas ‘crianças’ estão no Facebook, no MSN, no ORKUT ou seja lá no www que for apenas jogando sound pop ou castle ville, e não estão preocupados em como seus filhos tratam aqueles que lhes parecem diferentes. Enquanto isso, eles podem estar matando alguém. Bullyng é crime, deve ser punido sim, e criação não significa apenas alimentar e bancar as despesas.
“Toda imagem no espelho refletida
Tem mil faces que o tempo ali prendeu
Todos têm qualquer coisa repetida
Um pedaço de quem nos concebeu
A missão de meu pai já foi cumprida
Vou cumprir a missão que Deus me deu
Se meu pai foi o espelho em minha vida
Quero ser pro meu filho espelho seuA vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu” - Além do Espelho – João Nogueira
PS: Pai, obrigado por ter me mostrado tudo que eu precisava ver: todo mundo é igual, e merece respeito. Te amo.
Gente, peço licença hoje a todos os meus leitores pra falar de um assunto que não faz parte da proposta do meu blog, como a dislexia, as minhas experiências engraçadas, o meu toc, ou qualquer outra coisa que está descrita no campo “temas” deste wordpress. Mas como um blogueiro que tem campo pra divulgar idéias, público para lê-las, e mais que isso, como um cidadão, quero hoje dizer que peço desculpas como representante da classe dos seres humanos pensantes. Muitos amigos de Facebook me perguntam porque eu estou indignado, e principalmente quem não mora em Curitiba está me pedindo pra explicar a situação. Eis então…
O maior jornal do estado do Paraná, chamado Gazeta do Povo, veiculado em não-tenho-idéia quantas cidades, na quinta-feira, dia 30, publicou o texto intitulado “Perversão da Adoção” que pode ser lido no link: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1292008&tit=Perversao-da-adocao
Prefiro que os meus leitores leiam-no ao invés de que eu influencie-os com o meu pensamento.
O autor defende-se em sua página na internet com os seguintes (maus) argumentos:
Com referência ao artigo “Perversão da adoção”, publicado no dia 30 de agosto, quinta-feira, em minha coluna, no jornal Gazeta do Povo, esclareço o seguinte:1) Escrevi em defesa da adoção e contra a sua perversão e lamento que isso tenha sido mal interpretado por grupos de interesse.2) A adoção é um ato de amor, que merece o apoio de toda a sociedade.3) Repudio, contudo, como sua perversão, a entrega definitiva de uma criança a quaisquer comunidades de vida que não uma família.4) Mais ainda, repudio forçar uma criança à linha de frente da tentativa em curso de desconstrução da família, inscrevendo em seu documento de identidade uma impossibilidade biológica.Agradeço o apoio e solidariedade das centenas de leitores que se manifestaram junto a mim e junto ao prestigiado jornal Gazeta do Povo.
E aproveito aqui para tornar pública a minha carta endereçada ao colunista Carlos Ramalhete:
“Professor, lamentavelmente para o senhor, este “grupo de interesse” que o senhor citou é muito maior do que o de fanáticos religiosos ao qual o senhor faz parte. Respeitosamente venho aqui dizer que existem formas e formas de se abordar um assunto, e que o senhor não foi nada respeitoso em suas palavras. Se a proposta de tal (mal redigida) crônica era apenas ganhar público com uma polêmica qualquer, o senhor conseguiu, e parabenizo-o por isto. Do contrário, sinto-me obrigado como ser humano de dizer que manter este tipo de pensamento é bastante comprometedor para a sua própria evolução. O senhor estou filosofia, vai à igreja, convive com pessoas e está a frente de uma máquina reflexiva chamada Gazeta do Povo. Não é correto destilar maldade desta forma, porque eu conheço a criança que foi adotada por dois homens, e enquanto o senhor está destruindo sonhos, ela está pensando em salvar o mundo. Respeitosamente lhe peço que reflita mais sobre suas palavras, preferencialmente antes de publicá-las. E se isto for impossível, aproveite sua vida valorizando o que tem. Se o senhor não gosta de homossexuais, não transe com eles. Por fim, gostaria apenas de lembrá-lo, que se um dia Deus em sua plenitude lhe fizer encarar uma doença qualquer, talvez quem venha a atendê-lo seja um filho de um casal gay, um gambá , um alcatra, ou simplesmente um leitor seu…”
Alberto Schramm Portugal – Um cidadão absolutamente decepcionado com a Gazeta do Povo, e com um religioso que se diz Cristão, representante de uma organização religiosa.
Contudo, não pude ficar calado diante da barbárie que encontrei no jornal naquele dia, e enquanto milhares de blogues cristãos católicos divulgam a “absolvição de todo pecado” do colunista Carlos Ramalhete, aproveito o meu blog para expressar a minha própria opinião.
ASSUNTO É SÉRIO, SIM!
- Dois dias depois da publicação do texto, muita coisa está se invertendo. Se procurarmos no Google os sites sobre a publicação, vamos perceber a gigantesca lista de blogs católicos dizendo a mesma coisa: Um grupo de militantes homossexuais está “AMEAÇANDO e AGREDINDO” o Professor Carlos… Em primeiro lugar, acho bem importante deixarmos claro que não se trata de uma MILITÂNCIA, e nem que o grupo é formado apenas por homossexuais.
- Reparem que os defensores do Ramalhete, em boa parte deles, são pessoas sem foto, com nomes curtos (ou seja, sem sobrenome no perfil), que chegam sempre com palavrões, agredindo diretamente os autores dos comentários, debochando. Não podemos ser iguais a eles.
- O erro não é o pensamento do cara. Como disse Morgan Freeman “Eu detesto a palavra homofobia; Isto não é uma fobia; Ele não tem medo; Ele é um idiota”. O Ramalhete não deve ser punido por pensar assim. Deve ser punido por divulgar a sua opinião (que EU acho ridícula, medíocre, ignorante) da forma como divulgou.
- Existe sim, o direito de expressão. Mas existe também a criminalização da homofobia, as leis sobre preconceito, sobre difamação, injúria, calúnia. Logo, o escritor é SIM um criminoso.
- A Gazeta do Povo se abstém de qualquer responsabilidade por seus colunistas. Isto não existe. Não, não, não e não. Se foi publicado através dela, ela é SIM responsável. Bem como o que qualquer canal de televisão é responsável por exibir.
- A Igreja Católica não pode mais interferir nas questões legais. Padres também podem e DEVEM ser presos quando erram. Fanáticos religiosos e seguidores do Ramalhete estão divulgando que é o manifesto contra o colunista que está cometendo injustiça, e que se trata de um GAYZISMO, termo criado para definir as pessoas que querem combater o preconceito. No entanto, a Igreja não se pronuncia sobre o assunto, até porque não CABE a ela tal situação. Não se deve fazer o mesmo que o Ramalhete fez e generalizar uma opinião, dizendo que a Igreja Católica é idiota por inteiro.
- Não demorará para que NÓS, indignados com a publicação, nos tornemos os vilões da história.
- Particularmente não penso que o problema maior seja a visão que Ramalhete tem dos homossexuais, mas sim a imposição dos seus conceitos de NORMALIDADE, FAMÍLIA, ADOÇÃO e RESPEITO.
- Por fim, enquanto em uma comunidade no facebook ou um blog qualquer os internauta chegam para procurar algum assunto, em um jornal recebem a informação com opinião IMPARCIAL de alguém. Não está certo que a Gazeta, matinal de tanta gente, escarre um texto tão parcial, tão medíocre e tendencioso. Onde está a ÉTICA e o compromisso da imprensa?!Eu sou a favor de um manifesto público, que comece aqui, mas que termine na rua, com gente que não é apenas um perfil mostrando estar indignado, mas que é um cidadão exigindo ao menos respeito.
vale mais que mil palavras.
Não sei quem foi tão inteligente pra criar esta imagem… Roubei do compartilhamento da Paula Bueno.
E justo na semana que um professor me disse você já passou da idade de saber isso…
Eu sou o elefante, e você?
Entrei no site da AND – Associação Nacional de Dislexia para procurar um texto sobre as réguas especiais que estão sendo comercializadas por aí e ter certeza se elas vão me ajudar mesmo… Aí, caí numa página sobre motivação, como um professor deve agir e li umas cinco vezes pra perceber a diferença entre teoria e prática.Percebi o verdadeiro motivo da minha professorofobia: Deus! Meus professores NUNCA leram isso! Levantei alguns pontos e achei interessante compartilhar.
Nós não aprendemos pelo fracasso, mas sim pelos sucessos. Você aindaaaa não sabeee a tabuadaaaaa?
Se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende. Se o Alberto não aprende do jeito que ensinamos, ele que mude de faculdade!
Quase três mil e duzentas visitas ao blog, sendo mil visitantes pessoas que apareceram pelo tema ensino inclusivo. Não que esta seja a intenção: ganhar visitas através de um assunto tão sério. Mas quero escrever mais sobre o assunto, porque acho que se eu tiver mil e uma partes deste tema, ainda assim não terei escrito tudo que preciso. Minha opinião é sem fundamentos concretos, sem estudos exatos, mas vem de dentro pra fora, do que sinto e percebo, e vejo e analiso.
Embora faça parte de uma frente de inclusão social, não escondo minha descrença no ensino inclusivo, e na primeira parte do texto falei muito sobre estes motivos. Falei também da diferença entre a deficiência física e sobre o que é meu foco neste blog: a deficiência intelectual. E também já falei porque prefiro o termo deficiente. Hoje vou falar sobre dois grandes problemas resultantes de uma utopia governamental.
Em primeiro lugar vem o despreparo. Nas faculdades, como a minha, já é obrigatório aprender libras, a linguagem brasileira de sinais. Um módulo básico ensina as letras, as palavras e uma conversação simples. Acho fundamental, afinal aprendemos inglês e espanhol e não sabemos nos comunicar com um surdo de dentro do nosso país. Mas um surdo é um deficiente físico, e, felizmente, está cada vez mais incluso na sociedade. Tenho uma amiga, Katherine, que é um baita exemplo, porque estuda em um ensino regular, faz questão de se comunicar, é uma excelente aluna, e com ajuda de um tradutor faz apresentações de trabalhos como ninguém. Se o tradutor não estiver presente, dá um jeito de socializar.
Eu quis aprender Libras. Mas nem todo mundo da minha turma quis. De qualquer forma, estamos preparados para conviver normalmente com eles.
Aos quinze anos fiz um curso técnico equivalente a ensino médio, de magistério. Nunca ouvi falar sobre dislexia, discalculia, transtorno de déficit de atenção, disgrafia. Pra não dizer que não falaram sobre hiperatividade, lembro do medo que os professores tinham de pegar um aluno hiperativo, porque eles “são uns capetas”. Agora, eu pergunto: como é que um curso de MESTRADO, independente de ser em educação ou não, afinal devem preparar MESTRES, não trata das deficiências intelectuais?! Aliás, o que é SOCIOLOGIA? E porque tanta matéria inútil, que nunca um mestre vai usar, ocupa espaço do HD mental enquanto a proposta de técnicas de ensino inclusivo fica pra ‘depois’?! Ora senhores! Meus professores, que não tem culpa obviamente, não sabem, nunca ouviram falar e provavelmente não sabem ensinar um aluno com dislexia. E todos têm mestrado, alguns até doutorado. Eu mesmo pego com minha psicopedagoga materiais informativos, técnicas de avaliação, indico sites, xeroco livros. Metade deles têm um problema: a falta de conhecimento. A outra metade é o segundo problema.
Estes dias conversei com um terapeuta ocupacional, e trocamos algumas idéias sobre o assunto. Ele me contou que vários alunos com deficiência INTELECTUAL são encaminhados às APAES – associações de pais e amigos dos excepcionais, por professores de ensino regular, porque eles ASSUMIDAMENTE têm preguiça, ou não vêem futuro nos alunos. Meu Deus, onde chegamos?! Em primeiro lugar, quem são vocês pra verem ou não futuro nas pessoas? Estamos vivendo no antigo Egito, onde um deficiente era arremessado de um penhasco por ser feio?! Então, o terapeuta ensinou técnicas para a inclusão dos alunos, e um mês depois outro professor voltou dizendo que não tinha PACIÊNCIA. De rede pública ou privada, com salários menores ou maiores, atrasados ou em dia, todo professor recebe, ganha, tem salário para lecionar. E me perdoem os professores/amigos que tenho, porque aqui não falo como aluno ou como amigo. Mas vocês TÊM SIM, que repetir mil vezes uma resposta. E mil e duas se preciso for. Não podemos mais ficar em silêncio, porque os dois primeiros passos para o ensino inclusivo deixar de ser uma poesia e se tornar uma realidade são informação e boa vontade. Eu tenho batido o pé, ido atrás do prejuízo, e não quero mais que confundam minha dislexia com daltonismo, com burrice, com preguiça. Quem coordenar um curso, um mestrado, um doutorado, e acreditar que é possível incluir um deficiente na sociedade, tem obrigação de incluir uma disciplina, uma aula que seja, que trate das dificuldades físicas e intelectuais. Ou parem de erguer a bandeira da inclusão, e coloquem seus diplomas de mestres em stand by.
Hoje durante o almoço bati um longo papo com minha mãe sobre este blog. Juro, não imaginei ter a repercussão que está tendo. Mais de duas mil e quinhentas visitas em cinco dias. Quase cinquenta e.mails, que eu prometo tentar responder. E os mesmos elogios: Alberto, o blog é muito engraçado. E enfim, atingi minha meta: tornar minha rotina que até ontem foi dramática em uma comédia. Quando vejo gente de todo lugar acessando, sinto uma responsabilidade enorme. Gente que também tem dislexia e vem aqui buscar informação, ou conforto. Gente que não tem e vem saber como é ter. Gente que só entra porque pesquisa por “Portugal” no Google, e este mecanismo tão confiável joga o internauta na minha página. Minha intenção desde o começo foi, e é desabafar. É colocar nas crônicas que escrevo o que não consigo falar, porque descobri que no meu caso é mais fácil raciocinar escrevendo do que falando ou lendo. E após o post sobre inclusão social ou ensino inclusivo, onde mostro minha descrença com este projeto do quinto milênio, pensei muito sobre a terminologia que a inclusão envolve. Hoje em dia é crime chamar alguém de negro. Eu acho um absurdo, porque já falei pra Deus me mandar na próxima vida negro (porque têm dentes perfeitos, sorrisos perfeitos, corpos perfeitos, não ficam velhos e o gingado eu prefiro nem comentar). Do mesmo modo, você pode ser preso se chamar um PNE, ou portador de necessidade especial de DEFICIENTE. Aí, voltamos para a inclusão. De repente, as pessoas começam a ficar com medo de ter um amigo gay, porque não sabem até que ponto estão respeitando os homossexuais, afinal nem todo gay gosta de ser chamado de gay. E os amigos de um afrodescendente se policiam muito para não se referir ao amigo como “negão”. O mesmo acontece com o albino, o japonês, o polaco. E por sua vez, surgem os deficientes. Como tudo que escrevo aqui leva minha assinatura, e isto não é um blog fantasma, quero falar um pouco sobre a terminologia em que legalmente me enquadro. Enquanto milhares de centenas de pessoas aprende a chamar um deficiente de Portador de Necessidade Especial – PNE, ou ainda mais recentemente de Pessoa Portadora de Necessidade Especial, eu peço que mantenham o DEFICIENTE ou o EXCEPCIONAL. Os motivos para minha resistência à mudança são simples. Nem todo tipo de situação que se vive hoje é eterna. Na verdade, já diria Lulu Santos, nada é. Se hoje estou desempregado, e me perguntam minha profissão, mesmo tentando evitar a resposta, digo: SOU desempregado. Mas amanhã posso ser um grande executivo, de uma multinacional, e logo SOU executivo. Não sei se é simples perceber, mas o SOU deve ser visto como um estado de momento. Logo, ao se intitular DEFICIENTE, um indivíduo passa a sensação de que foi, é e será DEFICIENTE. E a burrice sem motivo, sem diagnóstico, e sem dislexia, aparece nestas horas: não é preciso ser inteligente para começar a entender o SOU daquele instante. HOJE SOU DEFICIENTE, mas amanhã posso não ser. Por fim, analisando esta terminologia, mantenho minha opinião sobre ser um deficiente e ser um PNE: Neste ‘amanhã’ que acabo de falar, fecha-se uma PORTA e deixa-se uma DOR, enquanto um DEFICIENTE deixa um D pra trás e se torna um EFICIENTE. E já disse Aristóteles: A eficiência vem da alma, e é o princípio do corpo vivente.
Li este artigo estes dias, e achei bem interessante.
De autoria de Vicente Martins
incluído no site Educação Online em 25/06/2004
Pais, educadores e disléxicos têm insistentemente me indagado, por e-mail, o seguinte: qual a lei que beneficia as crianças disléxicas?
Cremos que a Constituição Federal de 1988, a Lei 9.394/94 e a legislação do Conselho Nacional de Educação dão amplo amparo aos educadores com dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem (dislexia, disgrafia e disortografia). Os disléxicos são portadores de necessidades educacionais especiais e específicas de leitura.
Temos alguns pontos a considerar. O primeiro: a Carta Magna é a lei maior de uma sociedade política, como o próprio nome nos sugere. Em 1988, a Constituição Federal, de cunho liberal, prescrevia, no seu artigo 208, inciso III, entre as atribuições do Estado, isto é, do Poder Público, o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
O disléxico é portador de uma dificuldade, mas não de uma deficiência. Mas o legislador não teria incluído no conceito de deficiência o de dificuldades de aprendizagem? Cremos que sim. Isso por conta da concepção de Estado, o social, voltado às questões sociais e de cidadania.
A garantia constitucional resultava do compromisso liberal do Estado brasileiro de educar a todos, sem qualquer discriminação ou exclusão social e o acesso ao ensino fundamental, para os educandos, em idade escolar, sejam normais ou especiais, passa a ser, a partir de 1988,um direito público subjetivo, isto é, inalienável, sem que as famílias pudessem abrir mão de sua exigência perante o Poder Público.
No dispositivo da Constituição de 1988, conforme observamos, há avanço e recuo jurídicos. Avanço quando diz que os portadores de deficiência devem receber atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Não obstante, há recuo quando traz ainda, no final dos anos 80, uma terminologia tacanha, excludente, ao fazer referência às pessoas com alguma necessidade especial, no âmbito escolar, como “portadores de deficiência”.
Em se tratando de análise terminológica, fazemos hoje um desconto nas expressões jurídicas da Constituição Federal de 1988, porque estávamos, em 1988, em pleno final do século XX, cujo conceito de deficiência era herança da Medicina de séculos anteriores. A terminologia “portadores de deficiência” nos remete a um Brasil excludente que tratava seus doentes, deficientes ou não, como “portadores de moléstia infecciosa”. Este enfoque clínico, assim, perdurou até a Constituição Federal de 1988.
A LDB é exemplo também de Lei Ordinária, abaixo, hierarquicamente, no ordenamento jurídico do país, da Lei Magna. Trata-se da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Diretrizes e Bases da Educação Nacional, uma lei derivada da Constituição Federal, fará o conserto (correção social) e concerto (sintonia internacional) da terminologia “portadores de deficiência” para “educandos com necessidades educacionais especiais”.
No seu artigo 4º, inciso III, a LDB diz que o dever do Estado, com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. (grifo nosso)
O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade de
necessidades educacionais, destacadamente associadas a: problemas psicolingüísticos (dislexia e disfunções correlatas), psicomotores, motores, cognitivos (atenção, concentração, percepção, memória) hiperatividade e ainda a fatores ambientais e socio-econômicos, como as privações de caráter sociocultural e nutricional.
De logo, vemos os avanços do dispositivo da Lei 9.394/96: a) O atendimento educacional é gratuito. Portanto, a oferta do atendimento especializado, no âmbito da rede oficial de ensino, não pode ser cobrada; b) Pessoas em idade escolar são considerados “educandos com necessidades especiais”, o que pressupõe um enfoque pedagógico, ou mais, precisamente, um enfoque psicopedagógico, em se tratando do atendimento educacional. O corpo e a alma dos educandos são de responsabilidade de todos os que promovem a formação escolar.
O artigo 58, da LDB, no entanto, vai misturar um pouco os enfoques clínico e pedagógico ao conceituar a educação especial “como modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”.
No § 1º, do artigo 58, da LDB, o legislador diz que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial”. Aqui, revela a faceta mais médica do atendimento especializado, ao tratar os educandos com necessidades especiais como uma clientela. Clientela, como se sabe, refere-se ao doente, em relação ao médico habitual. Estaria aqui a faceta neoliberal da LDB?
Os pareceres e a Resolução manifestos pelo Conselho Nacional de Educação são exemplos de legislação. Em geral, para ter força jurídica, são homologadas pelo Ministro da Educação e Desporto que as respaldam para aplicação na organização da educação nacional.
Mais recentemente, as manifestações do Conselho Nacional de Educação, no esforço de construir um arcabouço de diretrizes nacionais para a educação especial, assinalam, no Parecer CNE/CEB n. º l7/2001, de 03 de julho de 2001 e a Resolução CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de 2001, que os sistemas de ensino devem matricular todos os educandos com necessidades educacionais especiais.
Uma pergunta, agora, advém: quem, no processo escolar, pode ser considerado um “educando com necessidade especial ? A Resolução CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de 2001, assim se pronuncia, no seu artigo 5º:
l) Os educandos com dificuldades acentuadas de aprendizagem (inciso I). Esses educandos são aqueles que têm, no seio escolar, dificuldades específicas de aprendizagem, ou “limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares”.
As crianças com dislexia e dificuldades correlatas (dislalia, disgrafia e disortografia), por exemplo, estão no grupo daqueles educandos com dificuldades “não vinculadas a uma causa orgânica específica”, enquanto as crianças desnutridas e com dificuldades de assimilação cognitiva, por seu turno, estão enquadradas entre “aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências”. Aqui, dislexia pode, sobretudo, ser entendida como uma dificuldade específica no aprendizado da leitura, comprometendo a soletração (decodificação textual) e a compreensão textual.
2) Os educandos com dificuldades de comunicação e sinalização. Estas, no entender dos conselheiros, são as “diferenciadas dos demais alunos”, o que demandaria a utilização de linguagens e códigos aplicáveis. As crianças cegas de nascença, por exemplo, se enquadrariam neste grupo.
3) Os educandos com facilidades de aprendizagem. Os conselheiros observam que há alunos, que por sua acentuada facilidade de assimilação de informações e conhecimentos não podem ser excluídos da rede regular de ensino. Aqui, o valor está em avaliar que são especiais aqueles que “dominam rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes” no meio escolar.
A inserção de educandos com necessidades educacionais especiais, no meio escolar é uma forma de tornar a sociedade mais democrática. Da mesma forma, a transformação das instituições de ensino em espaço de inclusão social é tarefa de todos que operam com a alma e o corpo das crianças especiais.
Vicente Martins, palestrante na área educacional, é professor da Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA)
Mais tarde falarei sobre inclusão social por aqui.
Comecei a procurar na internet e em livros os principais distúrbios de aprendizagem. Sempre fui um incapaz, um burro, uma mula. Sempre me senti assim no que dizia respeito a “aprender” ou a “decorar” alguma coisa. Pra muitos, da minha família inclusive, sempre fui preguiçoso. Ao mesmo tempo, deixando de lado toda a modéstia, sou o cara mais criativo que conheci, capaz de resolver qualquer situação visual em questão de segundos.
Aí fui atrás das explicações que precisava. E fiz um breve resumo.
DISLEXIA
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.
(retirado da ABD – Associação Brasileira de Dislexia)
TOC – Transtorno obsessivo compulsivo
O Transtorno obsessivo-compulsivo consiste na combinação de obsessões e compulsões. O que são obsessões? São pensamentos recorrentes insistentes que se caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do paciente. Por exemplo, uma pessoa honesta tem pensamentos recorrentes de roubo, trapaça e traição; uma pessoa religiosa tem pensamentos pecaminosos, obscenos e de sacrilégios. Os pensamentos obsessivos não são controláveis pelos próprios pacientes. Ter um pensamento recorrente apenas pode ser algo desagradável, como uma musiquinha aborrecida ou um problema não resolvido, mas ter obsessões é patológico porque causa significativa perda de tempo, queda no rendimento pessoal e sofrimento pessoal. Como o paciente perde o controle sobre os pensamentos, muitas vezes passa a praticar atos que, por serem repetitivos, tornam-se rituais. Muitas vezes têm a finalidade de prevenir ou aliviar a tensão causada pelos pensamentos obsessivos. Por exemplo, uma pessoa cada vez que se lembrar do patrão acredita que isso provocará um acidente de carro: para que isso seja evitado, pois o paciente não quer ter a consciência de ter participado do acidente, realiza certos gestos para neutralizar o pensamento. Assim, as compulsões podem ser secundárias às obsessões. As compulsões são gestos, rituais ou ações sempre iguais, repetitivas e incontroláveis. Um paciente que tente evitar as compulsões acaba submetido a uma tensão insuportável, por isso sempre cede às compulsões. Os pacientes nunca perdem o juízo a respeito do que está acontecendo consigo próprios e percebem o absurdo ou exagero do que está se passando; mas como não sabem o que está acontecendo, temem estar enlouquecendo, e pelo menos no começo tentam esconder seus pensamentos e rituais. No transtorno obsessivo-compulsivo os dois tipos de sintomas quase sempre estão juntos, mas pode haver a predominância de um sobre o outro. Um paciente pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo do que obsessivo.
(Retirado do Psicosite)
TDAH – Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
Os principais sintomas são: falta de atenção, impulsividade e excesso de atividade. Apesar de não haver exames de imagem que comprovem a existência do transtorno, é consenso da comunidade científica a existência do mesmo. Podemos dizer que ainda não há um consenso científico sobre as causas do TDAH. Considerando o fato que o fenótipo dessa patologia é complexo e variado, pode-se inferir que sua causa também o seja , sendo múltiplas as causas e fatores de risco implicados.
Diversas pesquisas realizadas em vários países reforçam a hipótese que o TDAH tem um caráter hereditário significativo. A predisposição genética foi demonstrada em estudos usando famílias, casos de gêmeos e adoção (Thapar et al. 2005). A probabilidade de que a criança terá um diagnóstico de TDAH aumenta até 8 vezes se os pais também tiverem o transtorno (Biedermann et al 1992).
No aspecto neuroquímico, o TDAH é concebido como um transtorno no qual os neurotransmissores catecolaminérgicos funcionam em baixa atividade. A ênfase está na desregulação central dos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos que controlam a atenção, organização, planejamento, motivação, cognição, atividade motora, funções executivas e também o sistema emocional de recompensa (Solanto et al, 2001).
(retirado de TDAH)